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Setembro amarelo: a importância da religião integrada aos cuidados de saúde mental

Setembro é o mês dedicado à prevenção do suicídio. Quem conhece essa campanha já pode ter percebido que falar sobre o tema ainda é um tabu, pois muitas pessoas, infelizmente, continuam a crer na antiga falácia de que “falar sobre suicídio incentiva que ele seja cometido”. Mas, nos cadernos científicos e no debate público autorizado, junto aos profissionais de saúde, o que se sabe é que precisamos sim falar sobre isso, sem medo, sem vergonha, e sem achar que é “frescura”. 

Dados da organização Pan-Americana de Saúde (OPAS), a mais antiga agência internacional de saúde do mundo e subsidiária da Organização Mundial da Saúde (OMS), mostram que o suicídio é a segunda principal causa de morte entre jovens com idade entre 15 e 29 anos. Como podemos ignorar esse mal que acomete cerca de 800 mil pessoas mundo afora a cada ano? 

Estamos falando de um grave problema de saúde pública, que necessita de atenção psiquiátrica e que, se for encaminhado em tempo oportuno para cuidados terapêuticos, pode ser prevenido. A ciência, é claro, já conhece as causas associadas ao suicídio, que podem ser de aspectos psicológicos, sociais ou relacionados a doenças crônicas.  Além desses possíveis fatores de risco, a medicina também já tem os instrumentos para identificação de uma pessoa em situação proeminente de suicídio, bem como os indicadores de prevenção. 

Como evitar a depressão e o suicídio  

O Centro de Valorização da Vida (CVV), o Conselho Federal de Medicina (CFM) e a Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) se unem no Setembro Amarelo para prevenir o suicídio, lembrado dia 10 deste mês. Neste ano, publicaram uma cartilha listando os principais fatores de prevenção, e dentre eles a fé religiosa é considerada uma aliada para pessoas de qualquer credo. 

É irresponsável, porém, dizer que somente um fator, seja a fé ou qualquer outro, sozinho, seja capaz de compor todo o quadro social responsável por deter uma grave situação de saúde mental. A abordagem deve ser sempre multissetorial, partindo desde questões de autoestima até estar empregado e ter um bom suporte familiar.  

As crenças e valores religiosos, culturais ou étnicos entram nessa conta porque existe consenso entre cientistas sociais, filósofos e psicólogos de que a religião é um importante fator de significação e ordenação da vida, e ela é fundamental em momentos de maior impacto na vida das pessoas. Em artigo publicado na Revista Brasileira de Enfermagem, “Religião e saúde mental: desafio de integrar a religiosidade ao cuidado com o paciente”, de 2012, o autor Claudinei Campos, mestre em Enfermagem Psiquiátrica e doutor em Ciências Médicas diz que “como a religião é elemento constitutivo da subjetividade e doadora de significado ao sofrimento, ela deve ser considerada um objeto privilegiado na interlocução com a saúde e os transtornos mentais.” 

Mais uma vez, a fé é nossa aliada 

Há ainda muitas outras publicações de renome que contemplam essa mesma questão a respeito da interface entre religiosidade e prevenção ao suicídio. Nosso gabinete acredita nessa proposta, pois apostamos na religião como uma via saudável e potente que contribui para o cultivo de uma melhor qualidade de vida. Foi pensando nisso que propomos e aprovamos na Câmara Municipal de Mariana o Projeto de lei de número 90/2021, em que tornamos as igrejas e os demais templos de qualquer culto como um serviço essencial para a nossa cidade. Sempre ressaltamos que a nossa bandeira vai contra a intolerância religiosa, pois defendemos a liberdade de culto, de acordo com o artigo 5º da Constituição Federal, que descreve os direitos fundamentais dos cidadãos e especifica que a liberdade de consciência e de crença não pode ser violada. 

Entendemos que, se a própria ciência já prova uma forte associação positiva entre o envolvimento religioso e saúde mental, é direito do cidadão que, mantendo os cuidados sanitários e de distanciamento social, possa praticar sua crença. Nesse período de pandemia, em que vivemos um futuro incerto, essa associação se torna ainda mais necessária. 

Todavia, o trabalho é incessante. Garantimos o reconhecimento dos locais de manifestação religiosa como estabelecimentos de caráter essencial. Mas agora, queremos saber: como a população marianense teve sua saúde mental afetada durante essa pandemia? Fazer o levantamento desses dados é uma demanda urgente no município, pois não poderemos lidar com causas e consequências ou fazer intervenções a serviço do povo sem termos estatísticas. Por isso, enviamos à câmara  Requerimento de número 31/2021, solicitando informações sobre o estado de saúde mental dos nossos moradores.  

Nosso gabinete obteve resposta do requerimento, que revelou que, atualmente, existem 50 colaboradores que exercem suas atividades no complexo de atendimento em Saúde Mental em Mariana, incluindo CAPS, CRESCER, CONVIVER e CAPS AD que, somados, realizaram cerca de 33 mil atendimentos nos últimos 24 meses, inclusive pela rede itinerante de Matriciamento de Saúde Mental, que oferta equipe técnica e psiquiátrica em quase a totalidade dos distritos marianenses.  

Durante o período de isolamento social, os centros de atenção psicossocial estão atendendo via telefone pacientes já acompanhados pelo serviço em todas as unidades e profissionais com demanda de saúde mental devido a pandemia e, ainda, via WhatsApp pelo plantão de saúde mental. 

Onde procurar ajuda  

Sabemos que quem está em sofrimento precisa compartilhar seus sentimentos com amigos, pessoas de confiança ou com um profissional. É importante falar sobre aquela sensação de dor física ou emocional que não passa, bem como,aquele sentimento de impotência, que cada vez fica mais intenso e provoca tristeza profunda. Por isso, se nos últimos meses,  se você ou alguém próximo apresentou algum desses sinais: isolamento, mudanças marcantes de hábitos, perda de interesse por atividades de que gostava, descuido com aparência, piora do desempenho na escola ou no trabalho, alterações no sono e no apetite, frases como “preferia estar morto” ou “quero desaparecer”, procure ajuda!  

Os números de contato disponíveis são:
CAPS: 3558-2229
CAPSIJ – CRESCER (Centro de Atenção Psicossocial Infanto-juvenil): 3558-5494
CONVIVER: 3557-4222
CAPS AD: 3557-1726
Disponibilizamos também o nosso gabinete, caso precise de ajuda, estamos à disposição para ouvir você: 3558-1689 (Whatsapp).